Michel Temer fala sobre terceira via, guerra, economia e pós pandemia em evento para empresários de Ribeirão Preto
Como superar os desafios e quais são as perspectivas para o cenário político de 2022 foram os temas centrais do debate com ex-presidente do Brasil, Michel Temer. O evento foi promovido nesta quarta-feira (9) pelo LIDE Ribeirão Preto para seus filiados e convidados e com transmissão on-line, em tempo real, para a imprensa convidada.
O debate foi conduzido pela mesa composta pelos empresários Rui Flávio Chufalo Guião, do Grupo Santa Emília; Maurílio Biagi, do Grupo Maubisa; Dorival Balbino, presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP); além de Fábio Fernandes, presidente do LIDE Ribeirão Preto, e do advogado e sócio do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia, Marcelo Salomão, vice-presidente do LIDE RP. Durante o evento, Temer falou sobre a polarização eleitoral entre Bolsonaro e Lula e sobre alternativas. “A terceira via viria como uma solução para interromper essa polarização, ou seja, os partidos lançariam seus pré-candidatos e, em seguida, se concentrariam em uma única candidatura. Mas, o problema é que todos os pré-candidatos já se declaram candidatos, o que
acaba pulverizando os votos”, explicou. Segundo o ex-presidente, o brasileiro se mostra inseguro com essa disputa enfraquecida não somente entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. “O povo espera uma pessoa que
fale o que fará efetivamente pela Educação ou Saúde, por exemplo. Neste momento, ele votará a favor e não contra um candidato A ou B, sem personalizar o voto, como tem feito”, frisa.
MUDANÇA RÁPIDA
Temer reforçou que em política a situação pode mudar rapidamente, por isso não descarta a formação de uma unidade nos próximos meses. “Vale destacar que a pesquisa atual revela o dia de hoje. Mas, ainda temos muito pela frente. Por isso, debates como o que estamos promovendo nesta manhã são tão importantes”, afirmou.
O presidente do LIDE Ribeirão Preto, Fábio Fernandes complementou: “Ter esse bate-papo, sem filtros, possibilita um contato direto e reforça a base da harmonia, que é o diálogo.”
SEMIPRESIDENCIALISMO
Durante o evento, Temer também defendeu uma reforma no sistema político brasileiro. Para
ele, a solução viria pela modificação do sistema de governo, adotando o regime semipresidencialismo, em que o presidente divide o seu poder com o legislativo. “O presidencialismo está roto e esfarrapado. Temos uma Constituição que tem 33 anos e já tivemos dois impeachments. E eu reconheço que todo impedimento causa traumas
institucionais e instabilidade ao país. Assim como os pedidos de impeachments”, diz.
De acordo com o ex-presidente, o seu êxito na presidência da República foi alcançado por ter o
Congresso governando junto. “Quando não se tem a maioria no Congresso Nacional, o presidente não consegue governar”, avalia. “E no presidencialismo, a maioria parlamentar sempre instável. Isso porque, você tem partidos que apoiam o seu governo. Mas, na hora da votação, metade vota a favor e metade vota contra”, completa.
INVESTIMENTO EXTERNO
Em meio à instabilidade política e a crise econômica que o Brasil enfrenta, com inflação, juros e desemprego altos, Temer afirmou que o país deve voltar os olhos para o investimento externo. “A pandemia agravou os problemas no Brasil, assim como a iniciativa privada, as grandes empresas, perderam sua capacidade de atuação, sua potencialidade. Desta forma, vamos precisar não só dos capitais da iniciativa privada, mas especialmente dos investimentos estrangeiros, daqueles que desejem apostar em empreendimentos no Brasil, geradores de
empregos”, explica.
Segundo o ex-presidente, há muitos países que buscam lugares seguros para investir e o Brasil pode ser esse lugar se tiver a tese da pacificação, da segurança jurídica e contratual. “Assim, atrairemos investimentos estrangeiros. Acho que esse é um caminho para tentar recuperar a economia”, reforça.
Por fim, ele enfatizou a importância de o Brasil ser agente de paz no mundo todo. Na questão entre Rússia e Ucrânia, Temer tem a percepção de uma resolução em breve para o conflito.
“Lamento que tudo isso não tenha sido resolvido diplomaticamente, para evitar a destruição e as mortes de civis. Mas, creio que em pouco tempo a história se resolva pelo atual caminho, com a Ucrânia não entrando na OTAN”, afirma.
Ele também confirmou que o Brasil, fazendo parte do BRICS, tem que defender seus interesses comerciais. No entanto, permanecer como um agente de paz mundial. “A ameaça nuclear é uma irresponsabilidade universal”, continua.
OTIMISMO
O empresariado precisa ser otimista e acreditar no Brasil. “Precisamos ser multilateralistas,
pois essa consciência pode ajudar a trazer as verbas que o país precisa”, destacou.