Emily in Paris: saiba tudo sobre a série que divide opiniões na moda
Assisti a série em duas ” sentadas no sofá” e estou assistindo novamente.
Se gostei? AMEI.
e de tudo que vi e li sobre a série na internet esta foi a análise mais completa que encontrei e reposto aqui para vcs se deliciarem também.
Enjoy:
“Quando Emily in Paris foi anunciada, a expectativa do público fashionista ficou alta. A série foi idealizada por ninguém menos que Darren Star, o nome por trás de Sex and the City, um ícone para a moda. As opiniões começaram antes mesmo do lançamento.
Toda a trama foi filmada na França, com atores majoritariamente franceses e um staff exclusivamente francês. “Foi a equipe mais atraente com quem já trabalhei”, disse Darren Star, ao New York Times. “Eu queria mostrar Paris de uma forma realmente maravilhosa, que encorajasse as pessoas a se apaixonarem pela cidade como eu”, afirmou.
Como o próprio título já diz, trata-se da história de Emily Cooper, uma norte-americana que chega a Paris. Vivida por Lily Colins, a personagem principal é transferida para a cidade a trabalho. Ela chega na capital francesa sem saber falar o idioma local. No novo ambiente corporativo, a jovem precisa enfrentar o choque cultural. Além disso, uma de suas missões é dar uma perspectiva norte-americana sobre marketing.
Entre aventuras, confusões e aprendizados, a protagonista vive relacionamentos amorosos e até vira uma influenciadora digital. No elenco, também estão atores e atrizes como Ashley Park, Philippine Leroy-Beaulieu, Lucas Bravo, Camille Razat, Bruno Gouery, Samuel Arnold, William Abadie, Kate Walsh e Jean-Christophe Bouvet.
Moda
Recentemente, veículos internacionais indagaram: como seria se Carrie Bradshaw, a protagonista interpretada por Sarah Jessica Parker, estivesse em 2020? Se você é fã da franquia de SATC, provavelmente também se perguntou isso, já que o último episódio do seriado foi ao ar em 2004 e o filme chegou às telonas em 2008. De lá para cá, inclusive com a ajuda da tecnologia, novas noções e estéticas chegaram, embora a moda seja cíclica.
Emily in Paris seria uma oportunidade para ver como as tendências e o imaginário fashion mudaram ao longo dos anos? Assinado por Patricia Field – a mesma costume designer de Sex And The City e O Diabo Veste Prada -, o estilo do novo enredo da Netflix virou um mix do que já fora visto nos outros trabalhos da profissional. Talvez uma marca inquebrável do DNA da figurinista.
Em entrevista ao Popsugar, ela explicou que, nas vestes, quis retratar Paris como um “sonho da moda”. “Em relação ao estilo de Emily como um todo, um aspecto importante foi como ela se desenvolveu a partir de uma garota norte-americana de Chicago e ganhou pontos com o chique francês”, esclareceu Patricia Field.
A fantasia também teve vez, algo que a figurinista descreve como otimismo. Em geral, a profissional pensa nas combinações sem ligar para a condição econômica dos personagens, como contou à Paper Maganize. “Meu objetivo é fazer com que eles tenham a melhor aparência possível e apenas sejam felizes”, explicou.
“Eu realmente não digo: ‘Oh, Carrie Bradshaw não podia pagar este Manolo Blahnik’ ou ‘Eu não posso ir lá’. Eu faço com otimismo, e é por isso que gosto de comédias românticas. Para mim, meu trabalho é criar o guarda-roupa mais interessante, original e bonito para meus atores.”
A ascensão do streetwear e as intervenções digitais na moda foram pontos abordados na série e são tudo que o estilista fictício Pierre Cadault abomina. Sucesso na alta-costura, ele representa a maneira tradicional francesa e os velhos costumes da indústria. Ao longo da história, o designer acaba se rendendo ao novo e até adotando uma estratégia considerada disruptiva, com a ajuda de Emily, é claro.
Contudo, o styling é datado. Os visuais da estrela da trama são típicos de uma fashionista norte-americana no início e em meados dos anos 2000, mas talvez não sejam adequados para os tempos atuais. Afinal, o mercado fashion passou a abraçar mais talentos emergentes e independentes, além de dar espaço para uma pegada mais urbana.
Não há como negar que a visão fantasiada de Emily em relação a Paris é refletida nos trajes. De um lado, há quem ache que eles são ultrapassados. Com peças de grifes como Chanel, Michael Kors, Marc Jacobs, Dior, Dolce & Gabbana, Vivienne Westwood, Louboutin e Kenzo, a personagem investe em outfits extravagantes.
As combinações de Emily englobam modelagens clássicas, com cores vibrantes e texturas chamativas. O toque final é dado com acessórios característicos. Na lista, estão bucket hats, boinas e dezenas de bolsas de luxo.
Em meio a cenários pitorescos, o exagero dos looks é mesclado a clichês da rotina parisiense, como comprar um croissant de chocolate e aproveitar o horário de almoço com vinho. No entanto, a parcela que amou a trama defende que as obviedades e os ditos equívocos foram propositais e até irônicos.
Os looks de outros personagens de Emily in Paris também deram o que falar. A asiática Mindy (Ashley Park), que se torna a melhor amiga da protagonista na capital francesa, é igualmente maximalista e exagerada, com direito a animal print, sensualidade, sobreposições e união de estampas. A imagem passada é de que ambas são estrangeiras e não têm a tal “sofisticação parisiense”.
Já o estilo dos franceses, na trama, é evidentemente mais reservado e chique. As apostas de Camille (Camille Razat), uma local que também fica próxima de Emily, é repleto de elegância. Usando alfaiataria, jaquetas vintage, mangas bufantes e coturnos, ela simboliza a francesa contemporânea, com uma pitada de rebeldia.
Outra figura que chama atenção é Sylvie, a chefe do escritório de marketing. A boss surge com vestidos midi de silhueta marcada e shapes assimétricos. Vale reparar também nas escolhas de Luke (Samuel Arnold). Ele elege padronagens ousadas e gosta de cortes precisos.
Opiniões divididas
Nos últimos dias, Emily in Paris recebeu uma chuva de críticas de telespectadores na internet, e até por parte de veículos de comunicação franceses. No veículo Telérama, por exemplo, foi colocada como “muito açucarada e cheia de estereótipos”.
Já no AlloCiné, portal de resenhas de filmes e TV feitas por usuários, a narrativa chegou a ser classificada como “embaraçosa” e “deplorável”. “É a imagem completamente errada de Paris. A série é mal atuada e ridícula”, classificou um dos comentaristas. “Eu me pergunto por que os atores franceses concordaram em estrelar esta série”, reclamou outro.
O Sens Critique também detonou: “Os roteiristas podem ter hesitado por dois ou três minutos em colocar uma baguete embaixo do braço de cada francês, ou até uma boina para distingui-los claramente, mas por outro lado, todos eles fumam cigarros e flertam até a morte”.
Segundo o crítico Charles Martin, do Première, a história reforça ideias erradas sobre a população. “Entre as principais características dos franceses na série, destacam-se a preguiça, o conservadorismo, o sexismo e a falta de higiene. A trama tenta empurrar todos os clichês mais banais e ridículos sobre os franceses”.
Por outro lado, há quem acredite que tudo foi proposital. Para Theo Ribeton, em um artigo na Les Inrockuptibles, a série não demonstra qualquer pretensão de realismo. “Por trás do festival de lamentações sobre clichês negativos, esconde-se, além disso, uma forma de alegria não reconhecida: se os franceses aqui parecem realmente perversos e preguiçosos, também são descritos como seres à parte, dotados de gosto superior, de desapego amoroso, de liberdade sexual, habitada por uma relação com o mundo inacessível para seus primos vulgares do outro lado do Atlântico”, assinalou.
O próprio criador de Emily in Paris explicou que o propósito foi realmente retratar discriminações, mas de ambos os lados. “Sei como os franceses me olham, quando olham para os americanos, posso ver alguns de seus preconceitos e posso ver alguns de meus preconceitos”, disse Darren Star, ao New York Times.