Samanta Bullock, modelo cadeirante usa moda para inclusão: “Roupa tem que se adaptar a nós”.
Pesquisando sobre Moda Inclusiva, encontrei Samanta Bullock, 41 anos, cadeirante, ex-jogadora de tênis, modelo e empresária.
Me impressionei por sua história de vida, sua garra e seu trabalho.
Transcrevo aqui um pouco do que conheci sobre ela:
“Há 27 anos, Samanta Bullock, hoje aos 41, ficou paraplégica após dar um tiro acidental na barriga. Pior do que não poder andar, ela diz, era não poder mais fazer duas de suas maiores paixões: atuar como modelo e jogar tênis. Isso começou a mudar quando Samanta conheceu um projeto de tênis de cadeira de rodas. Virou atleta profissional do esporte e se tornou a cadeirante número 1 do esporte no Brasil. Tempos depois, ao fazer uma sessão de fotos para a divulgação de uma cadeira de rodas a pedido do patrocinador, ela resgatou o sonho da infância de trabalhar como modelo. Em cima de sua cadeira de rodas, Samanta foi capa de revistas e desfilou em passarelas do mundo inteiro. E criou a SB, uma loja de departamentos que comercializa roupas universais e adaptadas com foco em inclusão social.
Cadeirante número 1 do tênis no país Samanta chegou a ser a jogadora número 1 do país
Após o acidente, eu achei que não poderia mais modelar e nem jogar tênis, as duas coisas que eu mais gostava de fazer. Eu trabalhava como modelo desde os 8 anos de idade por influência da minha mãe, que tinha sido miss. E jogava tênis desde os 9, vinha de uma família de praticantes do esporte. Para mim, o não poder modelar era pior do que o não poder andar. Com o sonho interrompido, segui minha vida e foquei nos meus estudos. Entrei na faculdade de odontologia, parei, comecei a fazer direito e a trabalhar na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Após um tempo, fui transferida para o Senado, em Brasília, onde atuei na elaboração do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Durante esse trabalho, conheci um projeto de tênis de cadeira de rodas. Fiz uma aula teste e, mesmo 12 anos longe das quadras, percebi que eu ainda tinha habilidade para o esporte. Voltei a praticar a modalidade três vezes na semana, participei de alguns torneios, me profissionalizei, virei atleta e me tornei a cadeirante número 1 do tênis no Brasil. Disputei três mundiais pelo meu país e ganhei a medalha de prata nos Jogos Parapan-Americanos com a minha dupla, a Rejane Candida.
Enxurrada de nãos no caminho para ser modelo
Na passarela: ser modelo era um sonho de infância.
Com a minha popularização na modalidade, meus patrocinadores pediram para eu atuar como modelo e tirar fotos com os produtos que eles patrocinavam. Eu fui para um ensaio fotográfico de cadeira de rodas e todo aquele universo me despertou. Eu estava no tênis, mas pensei: “É isso que eu quero fazer”. O tênis me proporcionou voltar para a minha paixão, que era modelar. Eu continuei com o esporte, mas corri atrás do meu objetivo. Não foi fácil: além de estar em uma cadeira de rodas, eu estava com 26 anos – já era considerada uma coroa para o mundo da moda. Paralelamente aos ensaios com os patrocinadores, fiz um book e passei a ligar e ir em várias agências pedindo para me contratarem. Dizia que eu era cadeirante e falava da importância da inclusão social. Recebi uma enxurrada de nãos. Eu persisti e consegui desfilar em um evento de uma marca de jeans com a ajuda de um amigo que conhecia o dono da loja
Desde 2010 faço um trabalho social no Brasil: sou embaixadora do projeto ‘Fashion Inclusivo’. Faço workshops, palestras, ensino a maquiar, a desfilar, a usar acessórios. Trabalho com crianças com Síndrome de Down, cadeirantes, amputadas. Meu objetivo é lançar outras modelos criando uma maior representatividade. Em 2011, me aposentei do tênis e foquei só na carreira de modelo.
Não encontrava roupas bonitas, confortáveis e funcionais
Uma das minhas maiores dificuldades desde que me tornei cadeirante e, principalmente, quando voltei a modelar era encontrar roupas bonitas, confortáveis e funcionais. Pode não parecer, mas um dos grandes problemas da pessoa com deficiência é achar roupas adequadas para suas necessidades e que a façam se sentir bem.
Sempre tinha que achar formas de me ajustar à roupa, e não a roupa se ajustar a mim. Isso me incomodava muito. Já existiam peças adaptadas na época, mas eu achava a maioria delas feias e sem estilo. Ao desfilar e fazer os ensaios, analisava as roupas no meu corpo e percebia que com alguns ajustes elas ficariam perfeitas para uma mulher cadeirante. Às vezes eram ajustes simples, como mudar o botão de posição, ou deixar menos tecido em uma região. Ao perceber essa necessidade, refleti que já tinha conquistado muitas coisas como modelo e que precisava resolver esse problema das peças inadequadas para as pessoas com deficiência e trazer soluções de uma forma que as clientes se sentisem bem e bonitas.
Roupas universais e adaptadas com foco na inclusão
Decidi lançar a SB em Londres, uma loja de departamentos online que fornece roupas universais e adaptadas com foco na inclusão e na posição sentada. Eu me reuni com oito designers das marcas com as quais já trabalhava e fiz a proposta de cada um deles fazer de três a cinco peças adaptadas, com minha consultoria, unindo beleza, conforto e elegância. Entre as peças adaptadas, há opções para cadeirantes e anões e joias com frases escritas em braile para cegos. A ideia deu certo e, em junho de 2019, nós lançamos a coleção primavera-verão, com 35 peças assinadas por mim. Minha empresa funciona como um marketplace, onde comercializamos nossas próprias produções e as de outros designers
Vendemos uma peça, por exemplo, que foi criada por uma designer inspirada no pai com Parkinson. Como ele tremia muito, ela fez a camisa com os botões decorativos na frente, mas que abria e fechava com velcro. Também temos parcerias com marcas que tenham a sustentabilidade no DNA. Comercializamos peças de empresas que reaproveitam tecidos que seriam jogados fora e fazem saias. Há uma outra que cria jaquetas pochetes e luvas com couro de abacaxi. Outra que usa as fibras da maconha para confeccionar vestidos. E uma marca faz um sutiã de cotton orgânico. Passarela com modelos com síndrome de Down e vitiligo Começamos com oito marcas e hoje temos parceria com 23
Nossas peças são vendidas pelo site e pelo Instagram. Em fevereiro deste ano, apresentamos a SB no London Fashion Week. Levamos para a passarela modelos cadeirantes, com síndrome de Down, com vitiligo, com queimadura. Foi um momento único e especial. No futuro, tempos planos de criar a linha infantil adaptada e ampliar a linha masculina. Estamos em busca de parcerias com marcas brasileiras que se encaixem na nossa filosofia. Quase 30 anos após o acidente, não mudaria nada do que aconteceu. Sou deficiente e não tenho nenhum problema com isso. Minha deficiência é parte da minha história. Estou entre as 100 pessoas com deficiência mais influentes no Reino Unido. Se eu não tivesse sofrido o acidente e as consequências dele, não teria me transformado na pessoa que sou.
É o que sempre digo:
“Faça o que você pode, com o que você tem, da melhor maneira possível. Eu faço o meu melhor buscando a inclusão e a igualdade através da moda.”.
Pesquisando mais sobre esta mulher maravilhosa encontrei este vídeo no site da Lilian Pacce e acabei a conhecendo ( e me encantando ) ainda mais.
Confiram:
Sua história me inspirou para o tema que iremos falar no programa Metamorfose na tv programa Metamorfose (programa do Clube da Borboleta, transmitido pelo Grupo Thathi de comunicacao e apresentado pos Fabiola Medeiros).
O tema e sua história de vida muito me tocou e me fez refletir : em tudo que fazemos devemos sair melhores do que entramos
Esta é a idéia …
Fontes:
uol
lilianpacce